Capítulo 1 – O Encontro que Muda Tudo
A noite caía sobre a cidade como um véu cintilante. As luzes dos prédios refletiam nos vidros dos arranha-céus e se espalhavam pelas ruas movimentadas. Helena Duarte caminhava com passos decididos, embora carregasse no olhar o cansaço de mais um dia intenso na redação da revista.
O bar Aurora Lounge, frequentado por executivos e personalidades, era o lugar que ela escolhia quando precisava desligar do mundo. Elegante, com iluminação baixa e uma trilha suave de jazz, oferecia o refúgio perfeito para observar as pessoas sem ser notada.
Helena pediu uma taça de vinho tinto e se recostou na cadeira próxima à janela. Pegou o celular para verificar alguns e-mails, mas logo o largou, desejando apenas esquecer a pressão de prazos e matérias delicadas. Foi nesse momento que o viu.
Um homem de presença imponente entrou no bar. Alto, ombros largos, terno impecável de corte europeu. Não foi apenas a aparência que chamou a atenção dela, mas a forma como todos pareciam ceder espaço quando ele atravessava o salão. Como se uma aura invisível o envolvesse.
Ele caminhou até o balcão, pediu uma dose de uísque e, ao virar-se, seus olhos encontraram os dela. Foi um olhar demorado, seguro, daqueles que desestabilizam mesmo os mais firmes. Helena desviou rapidamente, sentindo o coração acelerar sem motivo aparente.
Poucos minutos depois, ele se aproximou de sua mesa.
— Posso? — perguntou com uma voz grave e sedutora, indicando a cadeira à frente dela.
Helena hesitou, mas respondeu com naturalidade:
— É um bar público, não é?
Ele sorriu, como se apreciasse a resistência.
— Gabriel Montenegro — apresentou-se, estendendo a mão.
Ela segurou por instinto, sentindo o toque firme.
— Helena Duarte.
— Jornalista? — perguntou, surpreendendo-a.
Helena arqueou a sobrancelha.
— E como sabe disso?
— Digamos que tenho boa memória para rostos. Li sua reportagem sobre corrupção no setor de energia. — Ele ergueu a taça de uísque, em sinal de admiração. — Corajosa. Poucas pessoas ousariam expor aquilo.
O elogio pareceu sincero, mas havia algo em seu olhar que a deixava alerta, como se cada palavra fosse calculada. Ainda assim, a curiosidade falou mais alto.
— E você? O que faz? — perguntou.
Ele pousou o copo sobre a mesa, com calma.
— Invisto em oportunidades. Negócios diversos. — Sua resposta era vaga, mas dita com uma confiança que dispensava explicações.
A conversa seguiu, envolta em uma química difícil de ignorar. Helena se sentia dividida: parte dela queria manter distância, a outra parte parecia ser puxada para dentro de um campo magnético invisível.
Quando se levantou para ir embora, Gabriel segurou levemente sua mão, sem força, mas com firmeza suficiente para fazê-la parar.
— Espero que não seja nossa última conversa, Helena.
Ela apenas sorriu de canto e se afastou, sem dar resposta. Mas, no fundo, sabia que aquele encontro não seria esquecido tão cedo.
Lá fora, o vento da noite pareceu carregar uma promessa. Um jogo havia começado.
Capítulo 2 – O Charme Irresistível de Gabriel
Dois dias haviam se passado desde o encontro no Aurora Lounge, mas Helena ainda se pegava lembrando do olhar de Gabriel Montenegro. Tentava afastar aquele pensamento, mergulhando no trabalho, mas sua mente insistia em retornar àquele instante em que ele parecia decifrar segredos só de encará-la.
Na noite de sexta-feira, o celular vibrou. Uma mensagem desconhecida apareceu:
“Espero que esteja pronta para mais uma boa taça de vinho. — G.M.”
Helena arqueou a sobrancelha. Como ele conseguira seu número? Uma parte dela pensou em ignorar, mas a outra, movida pela curiosidade, digitou:
— Você sempre é tão direto assim?
A resposta veio quase instantânea:
“A vida é curta demais para jogos de espera. Nos vemos às 21h? Aurora Lounge.”
O coração acelerou. Ela sabia que deveria recusar, mas as mãos teimaram em digitar “ok”.
O bar estava ainda mais cheio naquela noite, mas Gabriel já a esperava em uma mesa reservada. Ele se levantou ao vê-la, o sorriso confiante e o terno impecável destacando-se entre todos.
— Helena, que bom que veio — disse, puxando a cadeira para ela, como se fosse um gesto natural em seu mundo de cavalheirismo calculado.
Ela se acomodou, tentando manter a calma.
— Você tem o hábito de rastrear jornalistas ou sou uma exceção?
Gabriel riu baixo, inclinando-se em sua direção.
— Apenas quando são brilhantes o suficiente para despertar minha atenção.
O garçom trouxe um vinho caro, escolhido por ele sem sequer consultar o cardápio. Helena percebeu que tudo em Gabriel era decidido com firmeza: palavras, gestos, até o silêncio.
A conversa deslizou com naturalidade. Ele falava de viagens, de cidades exóticas, de negócios no exterior. Cada frase vinha carregada de charme, misturando realidade e mistério.
— E você? — perguntou ele, fitando-a com interesse genuíno. — O que procura além das matérias de impacto?
Helena tomou um gole do vinho antes de responder.
— Verdade. Eu sempre procuro a verdade, mesmo que doa.
Gabriel sorriu, como se aquela resposta o tivesse divertido.
— A verdade é um luxo perigoso, Helena. Às vezes, é melhor não olhar tão fundo.
Aquela frase ficou ecoando dentro dela, mas o magnetismo dele era tão forte que ofuscava qualquer alarme.
Horas se passaram sem que ela percebesse. Quando finalmente decidiu ir embora, Gabriel se ofereceu para acompanhá-la até o carro. No caminho, o silêncio entre eles era carregado de tensão.
Ao chegarem, ele segurou a porta e inclinou-se levemente, próximo demais.
— Sabe, desde que a conheci, não consigo parar de pensar em você. — Sua voz era baixa, firme. — E eu não costumo me distrair facilmente.
Helena sentiu o coração disparar. A parte racional gritava que era cedo demais, que havia algo enigmático demais naquele homem. Mas quando seus olhos se encontraram, ela não conseguiu responder. Apenas entrou no carro, ligou o motor e partiu, deixando-o parado ali, com um sorriso satisfeito.
Enquanto dirigia pelas ruas iluminadas, não pôde evitar pensar: Gabriel Montenegro era como uma chama — bela, quente e perigosa. A questão era: até onde ela suportaria se aproximar sem se queimar?